quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Solar da fossa

Vou construir uma casa e nela vai morar todo mundo.
A casa da história.
Porque uma casa é como uma vida. Os quadros são os capítulos, os móveis os momentos.
Os cheiros são fortes e inesquecíveis, mas escapam pelos cantinhos quando querem novos ares.
As janelas são abertas e fechadas para deixar entrar a vida ou mofar a escuridão.
As plantas precisam do ar e do sol de janelas abertas. Vital.
Mas calor ou água em excesso produzem efeitos irreversíveis.
A minha casa vai ter paredes coloridas. Verde para a sabedoria.
Azul para uma noite com bons sonhos
Amarelo porque me faz cantar
Laranja é a sensualidade, mas vou listrá-la com rosa e bolinhas brancas, pra me fazer rir da bagunça.
Chico Buarque vai morar na minha casa.
Os Beatles, Nietzsche e Gil, porque sotaque é como a cereja do bolo.
As marias e as patotas vão morar na minha casa. Sem elas eu não conseguiria levantar e construção.
Ruy Castro vai me visitar para contar histórias sobre a música brasileira no final do dia.
O amor vai morar na casa, ele estará disfarçado por tardes de sol ou danças na chuva.
Papi e mumi vão levar o café com biscoitinhos.
Na porta vai estar escrito ‘disseram que ele não vinha, olha ele aí’

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