terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Crise

Se não houver mais dinheiro para investir em arte, isso quer dizer que a arte voltará a ser arte novamente? A arte pela arte? A arte renascendo na crise?
Se não houver mais dinheiro para ir ao cinema, as pessoas voltarão a ler livros? A se interessar por literatura? A imaginar histórias ao invés de entregar a parte mais gostosa da vida ao diretor?
Se a crise chegar ligeira, as pessoas terão de aprender a dividir?
Se a crise externa atacar uma pessoa em crise interna, essa pessoa explodirá?
Se uma pessoa não estiver em crise, ela pode se candidatar a ajudar a crise do mundo? Ou ele é orgulhoso demais para receber ajuda?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Despedir

Minha relação com o despedir-se das coisas sempre foi muito difícil.
Quando era criança, chorava muito a noite. Um choro ardido. Dizia que era porque não queria crescer.
Não queria me desligar da minha infância.
Um dia tive que doar minhas bonecas, e mais uma vez sofri.
Fui crescendo e despedi-me da escola, da faculdade, de algumas brincadeiras que menina-adulta não faz, despedi-me das férias de dois meses no final do ano, do cargo de estagiária, de pedidos de autorização para sair à noite, além de outras coisinhas que a vida te faz despedir-se.
Dou adeus a 2008 sem muito sofrimento, vai- te embora! Mas as pessoas que despedi-me no ano, essas doem.
Mais do que as barbies, as férias ou todas as minhas lágrimas infantis.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que estaríamos pensando, não fossem as frivolidades

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Quando Cruzo a Ipiranga e a Av. São João

Estou há exatas duas horas e quarenta e cinco minutos tentando chegar em casa, o que faz com que meus sentidos tenham sido alterados.
Sinto cheiro de desespero e só enxergo vermelho. Bolas e quadrados vermelhos que nem sequer pulsam.
O pulso pulsa.
Ao invés de música, ouço uma voz que diz mude-se,a-cidade-te-venceu.
Não sinto minhas pernas nem tampouco a mão sobre o volante. Um exército de formigas passeia por eles.
Mão e volante fundiram e são agora um único elemento, movido pela inércia.
Ódio tornara-se combustível.
Todo brasileiro tem o direito de ser estressado, mal-humorado, raivoso, revoltado, deprimido e com uma leve tendência ao suicídio.