terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Crise

Se não houver mais dinheiro para investir em arte, isso quer dizer que a arte voltará a ser arte novamente? A arte pela arte? A arte renascendo na crise?
Se não houver mais dinheiro para ir ao cinema, as pessoas voltarão a ler livros? A se interessar por literatura? A imaginar histórias ao invés de entregar a parte mais gostosa da vida ao diretor?
Se a crise chegar ligeira, as pessoas terão de aprender a dividir?
Se a crise externa atacar uma pessoa em crise interna, essa pessoa explodirá?
Se uma pessoa não estiver em crise, ela pode se candidatar a ajudar a crise do mundo? Ou ele é orgulhoso demais para receber ajuda?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Despedir

Minha relação com o despedir-se das coisas sempre foi muito difícil.
Quando era criança, chorava muito a noite. Um choro ardido. Dizia que era porque não queria crescer.
Não queria me desligar da minha infância.
Um dia tive que doar minhas bonecas, e mais uma vez sofri.
Fui crescendo e despedi-me da escola, da faculdade, de algumas brincadeiras que menina-adulta não faz, despedi-me das férias de dois meses no final do ano, do cargo de estagiária, de pedidos de autorização para sair à noite, além de outras coisinhas que a vida te faz despedir-se.
Dou adeus a 2008 sem muito sofrimento, vai- te embora! Mas as pessoas que despedi-me no ano, essas doem.
Mais do que as barbies, as férias ou todas as minhas lágrimas infantis.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que estaríamos pensando, não fossem as frivolidades

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Quando Cruzo a Ipiranga e a Av. São João

Estou há exatas duas horas e quarenta e cinco minutos tentando chegar em casa, o que faz com que meus sentidos tenham sido alterados.
Sinto cheiro de desespero e só enxergo vermelho. Bolas e quadrados vermelhos que nem sequer pulsam.
O pulso pulsa.
Ao invés de música, ouço uma voz que diz mude-se,a-cidade-te-venceu.
Não sinto minhas pernas nem tampouco a mão sobre o volante. Um exército de formigas passeia por eles.
Mão e volante fundiram e são agora um único elemento, movido pela inércia.
Ódio tornara-se combustível.
Todo brasileiro tem o direito de ser estressado, mal-humorado, raivoso, revoltado, deprimido e com uma leve tendência ao suicídio.

domingo, 30 de novembro de 2008

Seu espaço no espaço

Para evitar a insanidade, cada ser humano deveria ter um espaço só seu. Um metro quadrado, a sombra de uma árvore, a carruagem urbana cheia de papéis do cavalo-homem.
Quando o mundo transmite muita informação, é no seu espaço que as idéias se acalmam.
O sentimento de ter o direito de organizar suas pequenas coisas em um lugar no planeta gera algum conforto inexplicável.
É, no entanto, relevante explicar que a interferência de outra pessoa no seu habitat desequilibra a fauna e flora do espaço.
Nesse local, é preciso que toda a bagunça seja sua, com cores que sejam suas.
O colorido transferido do homem para seu espaço é algo mágico e necessário.
Por isso lhe digo: irritação dentro de casa tem uma grande tendência a ser invasão de espaço.
Invasão dificilmente não gera guerra, acredite.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A evolução surge do confronto, não do conforto

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Yemanjá da Minha Classe

Sempre quis ser sua amiga,
Já te contei isso?
Eu via você, prima-irmã de yemanjá, preguiçosa como Macunaíma e sempre alegre
Uma canção do balão mágico
Risada colada na cara e bom humor, independente do dia
Eu sabia que dali saia uma luzinha forte
Uma luzinha que erradia por onde quer que você passe
Uma luzinha que diz, pessoal, cheguei, está na hora de sorrir
E então, eu queria ser sua amiga
Colava na turma, olhava da janela.
Torcia, pensava, articulava
Porque queria ser sua amiga
Hoje olho pra gente
Dando risada num bar tanto tempo depois e penso
Eu sabia do que estava falando
Só uma pessoa iluminada de verdade mantém sua luzinha acessa por tantos anos
Disposta a dividir com todas as amigas o seu calor
E é por isso que fico feliz
Porque sempre quis ser sua amiga

domingo, 23 de novembro de 2008

Espiral do diálogo

O buraco cravado entre nossos mundos ficou tão largo, que não acredito que exista ponte capaz de uni-los. O pior de tudo foi descobrir como somos capazes de criar abismos com as nossas palavras.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Encontram-se morangos

Minha irmã falou que tenho cheiro de morangos,
Gostei disso.
A verdade é que só tenho cheiro de morangos quando estou feliz.
As pessoas cheiram gostoso quando estão felizes.
Já exalei cobre, esgoto, pétalas de rosa.
Agora no momento, achei que estivesse sem cheiro algum,
Cheiro de coisa nenhuma.
Bom saber que exalo morangos. Se são minha fruta preferida, então estou aos pouquinhos me encontrando.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Se a luz do sol vem me trazer calor
E a luz da lua vem trazer amor
Tudo de graça a natureza dá
Pra que que eu quero trabalhar?

Procura-se eu

Vivo uma vida que não é minha
Vivo num tempo que não pertenço
Cadê?
Onde fui?
Esse corpo, de quem é?
Quem pensa assim?
Não sou eu, não sou eu.
Não sei quem habita este momento
Quem conversa sobre nada e tenta ser ninguém
Quem já não tem mais rotina
Não, não sou eu
Esta não pode ser eu.
Essas frases que saem da minha boca, não fui eu que pronunciei,
Falo e não me identifico
Falo e não me lembro
Não, não pode ser eu.
Perdi-me por aí
Habito outra vida
Esta aqui no espelho, esta não pode ser eu.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Historinha pra pensar VIII

Andavam o discípulo e seu apóstolo por uma floresta, conversando sobre a importância dos encontros inesperados. Ambos param diante de uma fazendinha bastante humilde e decidem entrar. Dentro mora uma família com roupas surradas.
Logo que entram na casa o pai, chefe da família, mostra-lhes uma vaquinha e explica que tem nela todo sustento da casa, com seu leite alimentam-se e vendem o leite por outros objetos numa cidade próxima.
O discípulo e seu acompanhante conversam um pouco e se despedem.
No caminho de volta o mestre diz ‘quero que você volte à casa e jogue a vaca no precipício’.
O apóstolo assustado responde ‘mas mestre, a vaca é o sustento de toda a família, dessa maneira os mataremos também!’.
Mas o filósofo não muda de idéia.
Chateado, o discípulo obedece, matando a vaca e a cena fica em sua memória.
Anos depois, já um empresário bem sucedido, o apóstolo decide voltar ao local para se desculpar do que fizera e oferecer ajuda à família, caso esta tivesse sobrevivo. Ao chegar na casa, no entanto, depara-se com uma belíssima fazenda, grande, com frutos, crianças brincando no jardim florido e um carro parado na garagem.
Assustado, ele entra na casa e o dono da casa logo o reconhece ‘olá discípulo, como vai você e seu mestre?’, ele nem responde, apenas interessado em saber como ocorrera aquela mudança. ‘Bem, nós tínhamos uma vaca, mas ela caiu no precipício e morreu – disse o senhor. Então, para sustentar minha família, tive que plantar ervas e legumes. Como as plantas demoravam a crescer, comecei a cortar madeira para vender. Ao fazer isso, tive que replantar as árvores e precisei comprar mudas. Ao comprar mudas, lembrei-me da roupa dos meus filhos e pensei que talvez pudesse cultivar algodão. Passei um ano difícil, mas quando a colheita chegou, eu já estava exportando legumes, algodão e ervas aromáticas. Nunca havia me dado conta de todo o meu potencial aqui: ainda bem que aquela vaquinha morreu ...’

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Uns cafezinhos

Você ri e fala que sou inconstante
E eu continuo:
Quero ajudar o mundo
Não, não
Quero ler muito pra falar sobre assuntos diversos
Ou é melhor ser boa em um só?
Vou mudando de tema entre uma respirada e outra
Ai, como eu quero morar fora! Pra sentir medo...
Você olha achando que talvez enlouqueci, mas que tudo bem
Eu completo, é importante sentir medo pra aprender a se virar com ele e, mais que isso, saber que tipo de reação tenho diante do medo
Você toma mais um gole do café e me explica uma coisa qualquer,
Mas nesse minuto eu já estou em outro assunto
Gesticulando, falando às vezes alto, às vezes baixo
E você corre pra me acompanhar
Eu até penso que estou falando demais, diminuo o compasso um pouquinho, mas distraída acelero de novo
Você vai no meu ritmo pra me agradar,
Só às vezes reclama,
Que sou inconstante.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Garoa da Terra

Eu gosto de uma coisa meio cidade do interior, ou um Rio de Janeiro de 60.
Essa sensação de que conheço todo mundo, barquinho e violão, praça no final da tarde.
São Paulo me assusta. Perco-me e me acho e me perco.
Muita gente, muito espaço e pouca praça.
O tempo escapa, não tem essa de estender num bar, cuidado com o trânsito.
Certa vez escutei de uma baiana de Salvador – rodízio de carro? Mas como funciona esse lance?
Gosto de dar oi na rua pra gente conhecida, gosto de estender a tarde sem dar sinal. Quer achar a turma, estão ali na esquina, é claro. Onde mais poderia?
Uma coisa de violão e interior. Uma coisa de saber com quem fala e por onde anda. Uma coisa de não deixar o mundo ficar tão cheio de porcarias.
Tão cheio.
Chico diz que para gostar de uma cidade é preciso saber viver nela.
Difícil, veio sem manual.
São Paulo é ambiciosa, competitiva.
São Paulo tem de tudo, mas se você bobear não encontra nada.
Cidade que não sabe jogar conversa fora.
Certo está Vinicius... aqui não é para principiante não.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Doce de banana

Você é uma coisa muito maluca. Uma doidera que eu não pedi, uma soma do que eu não desejo, uma ausência do que eu preciso, uma explosão de bom humor. Você não tem tempo nem espaço, você não é deste planeta. Veio de passagem pra fazer uma baguncinha qualquer, me mostrar que as coisas são bem mais relax do que eu imagino. Você tem o tempo em suas mãos. Você é uma espécie que ninguém imaginava, pra calar a boca daqueles que sempre acreditam conhecer as pessoas. Você é um doce de criança, uma brincadeira de malandro. Você é o meu hoje, e é só isso que eu preciso.

O tamanho do buraco

Todo mundo tem um ladinho escuro. Uma espécie de buraco, de onde saem as fraquezas e os medos. Algumas vezes é importante cutucá-lo, para saber se o bichinho que sai da escuridão ainda é o mesmo, com a mesma cara ou se já morreu e nasceu com outro nome.
Meu buraco, por alguma razão está raso, o que faz com que meus defeitos fiquem passeando por aí, me incomodando a toda hora.
Fico a me perguntar se o buraco está menor e estes são os animaizinhos remanescentes ou se o buraco é fundo e está muito, mas muito lotado.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Não adianta nem me abandonar ...porque mistério sempre há de pintar por aí

O cômodo atrofia

Estou me tornando burra. Uma contração de meu ser, retração, diminuição, en-co-lhi-men-to.
Meu cérebro em uma uva passa.
A falta de convívio social e estímulo faz com que algo no meu íntimo se atrofie.
É essa convivência comigo e apenas comigo que transforma meu eu em tão pouco. Ele está precisando daquela luzinha que outrora me trazia inquietação e desconforto.
Agora, acomodada, eu encolho. É o mal-estar constante quer torna a nossa vida interessante. Não pare de buscar me diz uma vozinha qualquer, não se conforme...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Superficialidade não é pra tartaruga

Atualmente as coisas se tornaram descartáveis. Nada de guardar pra sempre, nada de comprar pra vida toda. Puro descarte.
O tempo já foi mais estático, mais sólido. Agora não, esqueça. Somos a geração da água. A água se adapta, evapora, água some, renasce diferente.
Modernidade líquida, minha gente, modernidade líquida.
Eu, influenciada por essa tendência biruta de que o mundo nada mais é do que um descarte, mandei ver. Descartei coisas, descartei palavras importantes, descartei músicas como faço quando enjôo do meu ipod.
Descartei isso e aquilo e é claro, descartei pessoas.
Cabeleireiros, manicures, e todo tipo de ser vivo que não atendesse às expectativas, seguindo o raciocínio de que a oferta é sempre maior que a demanda.
Tchau, adios, bye, dizia eu.
Até que um dia minha tartaruga errou o caminho, e eu a descartei.
Mas ela, atrasada como qualquer tartaruga, não sabia nada dessa história de modernidade líquida, e não aceitou. Falou-me sobre o individualismo das pessoas, o quanto o ser humano de hoje só enxerga o que quer. Reclamou da superficialidade das relações e dá falta de vontade pra perdoar, dar uma chance e entrar em contato com os sentimentos.
É mais fácil descartar mesmo! Gritava ela, o diálogo se esvaziou, os sentimentos não são mais intensos...
E foi então que realizei o mal do século. A pequena tartaruguinha, com sua sabedoria milenar, não me descartou. Mostrou-me o quanto é gostoso cultivar uma amizade e lutar por ela.
Obrigada tartaruguinha, por me mostrar que o amor engloba o perdão, o aprender e o lutar. Estava quase corrompida pelo sistema, agora não mais descarto.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Afinidade

Às vezes eu penso que existem passos que caminham juntos, e outros que não.
Esses que andam tão separados, vez ou outra teimamos em juntar, e eles se fingem perfeitos, perambolando lado a lado.
Mas de repente escurece, e eles se perdem um do outro.
É o instinto que ensina a ambos sua estrada verdadeira.

Presentinho especial

Na vida quem perde o telhado ganha em troca as estrelas

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Repertório

Às vezes sinto me tão rasa
incapaz de proporcionar saltos de cabeça

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Felicidade só é real se for compartilhada

Minha Verdade

Qual é a verdade absoluta? A verdade da terra?
O homem deveria ser a sua verdade, deveria viver a sua verdade.
Verdades te conectam, integram, interagem. As verdades te tornam inteiro, transparente. Alcança-se a alma com uma verdade.
Um homem de mentiras é alguém sem olhar, sem profundidade. Aos mentirosos falta a conectividade.
Diga não a almas corrompidas, diga não à insegurança de um mentiroso.
Conecte-se ao vento indiano, ao Alaska, à energia do universo, seja verdadeiro consigo.
Sou mais humana porque dentro de mim existe alguém que procura a sua verdade.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela, ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim,
Descolorirá

Quanto vale tudo isso?

Quero dar meus perfumes
Doar minhas roupas
Largar meus CDs
Quero jogar fora cadernos
Tantas anotações
Não quero mais acumular, juntar, comprar, gastar.
Quero apenas o necessário
Quero pão e água
Sair por aí
Vestida de lenços, pintada de amor.
Quero lembrar o que é o vento e como é pisar no molhado
Esquecer as horas
As horas
E certas horas
Quanto vale uma felicidade? É por quilo? Pode encomendar?
Quero queimar meu currículo, e com o fogo, aquecer africanos
Estou só de passagem
Das regras das sociedade, pouco me importa
Quero deixar minha vida sem sentido, porque só assim ela terá sentido para mim.
"Rather than love, than money, than fame, give me truth."

terça-feira, 7 de outubro de 2008

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Próxima estação

Pára o mundo que eu quero descer
Não entendo nada disso
Não é assim que tem que ser
Pára o mundo
Eu quero descer
Quero andar por aí, bem devagarinho, sem medo de perder a carona
Pára mundo
Eu vou descer
Meu ponto é logo alí
No bairro do zé ninguém
Vizinha da confusão
Longe, bem longe da satisfação
Pára mundo, pára
Eu tenho que descer
Que aqui está muito apertado
Muito cheio de gente
Muito lotado
Não sobra espaço para minha amiga paciência andar de bicicleta
Pára mundo
Pára agora
Eu vou descer, porque fui enganada
Me contaram que crescer forte era crescer feliz
Não me contaram dessa parte de estética
Não me contaram que o mundo era fútil
Pára mundo, que eu peguei o bonde errado
O que eu queria dizia sucesso
Não esse tal de expresso
Pára tudo
Vou parar por aqui mesmo, desacompanhada mesmo
Com medo mesmo
Porque tudo isso eu não concordo
Tudo isso eu não acompanho
Pára mundo
Eu já paguei a minha passagem
Agora quero descer.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Primavera ...reflorescimento da fauna e da flora

Luta corporal

Meu estomago dói, ele sente o peso de uma decisão
Se contorce
Se ajeita
Reclama,
Aperta
Dificultando ainda mais minha concentração, numa tentativa de boicote
Pode gritar, pode fingir estar com fome, pode fingir queimadas amazônicas,
Eu agüento você.
E se eu vencer,
você me agüenta, e sossega, por favor.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A bolsa alemã

Se alguém me perguntar como você está, sei dizer.
Sei que continua falando alto, fazendo amigos de todos os tipos no bar
Sei que bebe uma loirinha sempre que pode
Se alguém me perguntar, é fácil
Sua bolsa está cheia de livros de orelhas amassadas, que você carrega pra todo lugar
Sua bolsa continua coração de mãe, com chiclete do mês passado, caneta, carteira bagunçada e um papel amassado importante que você tem certeza que perdeu
Sua risada continua destronando qualquer rei e agora você com certeza noiou em algum personagem novo, seja ele escritor, músico ou filósofo
Ele é perfeito agora, só neste momento da sua vida.
Sua casa é uma bagunça estilosa, sempre aberta para que o mundo possa tocar um violão.
Se alguém perguntar o que você faz,
Exatamente o que faz,
Eu vou desconversar, porque não sei.
O que eu sei é muito mais interessante.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Globalização das estações

Houve um tempo em que existiam as estações do ano. Elas vinham certinhas, com data e tudo. Cada uma tinha suas características e segredos, como as folhas do outono.
São Pedro conseguia se organizar direitinho: mandava sol quando era hora de enxugar as lágrimas e a chuva rápida pra aliviar o calor.
Mas o homem, sempre insatisfeito com a vida, sentiu que queria mais sexo, mais drogas e mais rock and roll e saiu por aí para se misturar, espalhar, globalizar.
Baiano com Copacabana, tio Sam tocando batucada e toda essa bagunça gostosa.
A mistura virou tanta que as estações já não entendiam mais que país era qual e que estação surge da mistura de japonês com manga e cream cheese, e resolveram que então era hora de elas também saírem para fazer amigos.
A voltinha das estações transformou-se no samba do criolo doido.
A chuva apaixonara-se pelo natal, o sol brigou com a praia, o inverno comprou passagem só de ida pra Europa - sentia muita falta de Paris – e o verão, que já era mais saidinho e gostava de roupinhas curtas, está de caso com todas as estações disponíveis, de forma que aparece quando bem entende, faz seu showzinho, anima o pessoal e se manda pra outro programa mais interessante.
A única que não topou a diversão foi a primavera, muito bem-casada com o jardim.
Ela já tem flores demais para cuidar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Arma

Palavras faladas sem querer
Palavras pra desabafar
Palavras cansadas
Palavras de carinho
Palavras acentuadas demais
Palavras que precisam de um chacoalhão
Palavras que não esqueci
Palavras que cobram
Palavras que apagam tudo que falei
Lidar com palavras, eu pouco sei.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Falemos sobre bolhas de sabão

Pode se aproximar,
Puxar uma cadeira
Não vou perguntar nada
Nem sequer puxarei assunto
Não quero saber quantos anos você tem, nem quantos irmãos
Não me interessa quantos países deixou para trás, quantos amores lhe fizeram sofrer, nem tampouco a quanto tempo pensa em mudar de emprego
Números não me interessam, não sei contar.
Tanta gente por aí fala muito e não diz nada, ou quase nada

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Talvez o belo seja triste porque é efêmero, como um beijo de borboleta

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Música pra mim é o alimento da alma.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um Alguém

Se você me perguntar quem sou
Sou uma mistura
Sou um pouquinho de muitas pessoas
E um montão de gente nenhuma
Sou o sorriso que gostei um dia
Sou a gíria de uma turma
Sou uma mistura de relações
Um conjunto de porquês
Sou o que sou
Sou o que me formei
Uma soma de muitas conversas
Uma subtração de tempo
Sou um ontem melhorado
E um medo do amanhã
Sou um pouquinho de cada amiga
E muito de quem me pariu
Sou o sol que não rejeitei hoje
E o vôo de uma borboleta
Sou uma mistura

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Quando a luz dos olhos teus ....

Houve uma época em que você falava,
E eu nem ouvia.
Houve uma época em que eu falava,
E você só ria.
Houve uma época em que cada vez mais
A gente se via.
Houve uma época em que os dois riram juntos,
A risada se fundiu,
E o tempo até parou.

domingo, 24 de agosto de 2008

Cria de defeitos

Coloco meus defeitos numa cestinha na sarjeta e saio sem olhar pra trás.
Eles fazem como cachorrinho novo que desconhece o abandono, vem abanando o rabinho e grudam novamente.
Poxa, não me olhem assim, com cara de cachorrinho molhado, eu lhes digo.
Sei que foi difícil reconhecê-los e mais ainda dispensá-los.
Sarjeta para vocês, penso,
E eles nem bem esperam que eu cruze a esquina para voltarem.
Mudar, mudar, mudar, como é difícil mudar.
Como é fácil abrir a casa para animaizinhos indefesos que, depois que entram na sua vida, não saem mais.
A pior espécie é a intolerância.
Bichinho difícil.
Vive 100 anos esse daí, e é esperto.
Livro-me dele e uma bobeada, uma titubeada, posso escutar seu latido.
A intolerância quando cresce dá uma cria de infinitas raivinhas fortes.
A intolerância alimenta-se de tempo e dorme sobre a paz, machucando-a.
Foi o primeiro defeito colocado na cestinha, a intolerância
Mas ela gosta de mim, abana o rabinho.
Gostaria de doá-la, ou quem sabe trocar por um bichinho como equilíbrio
Que tem como cria a iluminação.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Quando a raiz é forte, os ramos florescem

Mon coeur qui bat

Meu coração é inquieto
Ele saltita entre possibilidades
Ele relembra
Ele esquece suas obrigações
Meu coração é do tipo que precisa ser conquistado sempre
É como se todos os dias ele fosse invadido,
E seu rei precisasse reconquistá-lo a cada manhã.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Santo Antônio disse que, em sua solidão, algumas vezes encontrou demônios que pareciam anjos e outras vezes encontrou anjos que pareciam demônios. Quando lhe perguntaram como ele sabia a diferença, o santo respondeu que só se pode dizer quem é quem com base na sensação que se tem depois que a criatura for embora. Se você ficar arrazado, então foi o demônio que veio visitá-lo. Se você se sentir mais leve, foi um anjo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Desemprego equilibrista

O hindu medita na posição de lótus, diversas vezes ao dia.
O balinês tem uma de suas meditações que consiste em sentar-e e sorrir.
Até o fígado deve sorrir.
E a meditação se repete, diversas vezes ao dia.
Independente da forma na qual se procura a paz, o importante é a disciplina.
A disciplina leva ao equilíbrio.
Continuo acordando as seis para nadar, continuo sentando-me na mesa para almoçar com a família e deitando-me às 11.
Exceções acontecem aos jovens por natureza e aos velhos por diversão, mas na maior parte do tempo:
Disciplina
Equilíbrio
E o preferido do momento: sorrir em cada pedacinho do meu ser.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Elas têm jazz nos fundos

Tem uma dupla
Ai, essa dupla
Elas são pequenas
Mas a alma é grande
Enorme.
Elas são amigas
E eu sou amiga delas
E elas são amigas delas e amigas de todo mundo
Porque elas têm o que falar,
Coisas interessantes de brilhar os olhos
E pulsar o coração
Como se o mundo fosse só em tom maior.
Descolada, dizem elas,
Você é descolada.
Mal sabem que pouco sou perto delas,
Essas pequenas grandes pessoas.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"...Para encontrar o equilíbrio que você busca, precisa manter os pés plantados com tanta firmeza na terra que é como se tivese quatro pernas, em vez de duas. Assim, você consegue permanecer no mundo. Mas você tem de parar de ver o mundo através da sua cabeça. Em vez disso, precisa olhar pelo coração..."

Mundo Cor-de-Rosa Choque

Eu crio meu mundo, meus castelos, meus príncipes, meus medos e minhas plantinhas.
Crio minhas histórias, meus contos de amor e minhas regras.
Crio os meios de sobrevivência ao meu mundo, os toleráveis e os insuportáveis.
A mentira é logo escolhida como inimigo e será combatida com o exército das perguntas verdes.
As risadas são recrutadas no mundo que eu crio, assim como as datas, os nomes e as flores que quero que cresçam fortes.
E então, certo dia, você bate na porta do meu mundo.
Eu hesito. Não são todos que entendem que através dos meus olhos existe um mundo,
Mas deixo-o entrar e,
Para minha surpresa,
Você é um dócil viajante em busca de um mundo imaginário para habitar.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A flor de Berlim

Não se magoe flor de Liz
Continuo com meus oceanos limitados
Continuo sobre as asas de um grande pássaro que me alimenta e me leva para viajar
Não se magoe flor,
Não se magoe.
Prometo que mesmo longe, estou sempre mandando um pouquinho da minha chuva para regar sua dor e minhas abelhinhas para compartilharem das suas alegrias
Você é uma flor independente, exuberante, símbolo de reinados
Eu sou uma margaridinha
Que está criando asas
Se tiveres paciência, prometo um dia também ser flor de Liz
E aí sim visitarei todos os jardins de Berlim.

Relação

Eu sou a pedra no seu sapato.
Não, eu sou o calo. Um calo no sapato.
Porque para uma pedra, basta apenas tirar o calçado,
Um calo é diferente.
Este acompanha cada passo, cutuca, você não esquece.
Não é fácil livrar-se de um calo.
Puro desconforto.
Troca-se de sapato, mudam as estações, as festividades, o humor, mas o calo continua, sempre cutucando a todo passo.
Nas viagens dói mais porque andamos muito mais.
Se você vestir Havainas, sentir-se-á feliz. Sapatos abertos não apertam seu calo e você me esquece, vive sua vida feliz.
Nada de incômodos,
Mas fez frio em Paris, e a Havaiana ficou na mala.
"As mãos são as mais culpadas no amor... pecam mais, acariciam
o seio é passivo, a boca apenas se deixa beijar, mas as mãos não. São quentes e macias... e rápidas... e sensíveis, ...correm o corpo e o dominam"

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Mensagens secretas contadas para a lua

Saudade em viagem é um bichinho simpático
ele acompanha tudo
olha tudo
esta sempre juntinho
lembrando que por trás dessas patinhas de bichinho
dessa cantoria de bichinho
tem um amor esperando
e mandando belas mensagens
enviadas pelo vento
pela lua
por um gole de café
ou um florzinha bonita.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sem mais Cerejas no bolo

Uma senhora entra no supermercado com a lista pronta e o orçamento contadinho como grãos de feijão.
Passeando pelas gôndolas, por diversas vezes ela é interceptada por vozes que lhe oferecem incríveis produtos que se fantasiam de sentimentos necessários. Ela anda mais e agora o que lhe chama a atenção não são mais as vozes da TV, e sim suas imagens com os produtos, tão necessários.
Seu carrinho lota-se de coisas indispensavelmente dispensáveis e ao passar pelo caixa, ela suspira. Não só porque as moedinhas da reserva foram gastas, mas porque ela vê o sol forte fora do supermercado, lembra-se que o brilho da vida não tem preço, e percebe que mais uma vez foi coagida por eletrônicos e deixou de economizar para viajar.
Ela coloca seus produtos no carro e realiza seu poder insignificante diante da moda do momento, a publicidade.

Quem inventou o amor, me explica por favor

Ninguém consegue me explicar, o que é o amor.
Porque todo mundo ama demais
Ou ama de menos
E inserido nesse contexto pretensioso que tem o amor na vida das pessoas
Ninguém consegue me explicar o que é o amor.
Chego a acreditar algumas vezes que o entendi
Que o amor é saber dividir
Mas depois percebo que só isso não o compõe
Então acredito que o amor é dividir e ceder
E então vejo que só assim o amor também não se mantém
Angustio-me
Olho pela janela, confusa, por não saber sobre o amor.
Já descobri uma vez que o amor é dividir, ceder, e rir
Melhor que isso, dar gargalhadas soltas
Mas quem sobrevive só de gargalhadas?
Então, adiciono tristeza às risadas.
Temos então o dividir, o ceder, o rir, o chorar...
Mas já conheci pessoas que me trouxeram tudo isso
E que não sei se amei
Porque não sei do amor
E ele também não sabe quem sou eu
E não veio se apresentar.

terça-feira, 8 de julho de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Resumo da FLIP

Toda palavra é uma semente...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Dieta yin-yang

A gente come para saciar os medos
Saciar as faltas, a saudade.
A gente come para nos sentirmos satisfeitos, estufados
A gente come para engolir o mundo
A gente come sem pensar, sem vontade, sem necessidade
A gente come para tapar um buraco profundo, entre o pulmão, coração, em algum lugar estranho e incerto.
A gente come porque o coração sente fome, porque a alma suplica, porque a cabeça não responde.
A gente come por falta de autocontrole, por excesso de ansiedade e falta de fome.
A gente come porque o mundo passa fome
A gente come para não conseguir falar o que pensa, e ter do que reclamar depois.
Estamos obesos, cheios de palavras calóricas, comidas sem mastigar.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pra consolar minha irmã mais velha, que também é menininha

Valsa para uma menininha
Menininha do meu coração
Eu só quero você
A três palmos do chão
Menininha, não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção
Senhorinha levada
Batendo palminha
Fingindo assustada
Do bicho-papão
Menininha, que graça é você
Uma coisinha assim
Começando a viver
Fique assim, meu amor
Sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim
E você vai sofrer de repente
Uma desilusão
Porque a vida é somente
Teu bicho-papão
Fique assim, fique assim
Sempre assim
E se lembre de mim
Pelas coisas que eu dei
E também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim
De tudo o que eu amei

Matemática

A divisão consiste em simplesmente, dividir.
Isso implica em repartir em mais de uma pessoa, o que por sua vez quer dizer abrir mão de uma parte.
O ser humano tem o defeito de achar que por ter aprendido essa conta na escola, sabe dividir.
O raciocínio na vida real é outro.
Na vida real dividir é saber dizer não, é saber dizer sim, é entender que esta palavra pode ser usada quando se trata de tempo, de espaço físico, de espaço literal, metáforas, matérias, sentimentos.
Saber fazer a conta de dividir, na vida real, implica em perceber que no mundo existe mais de um grupo, uma espécie e, mais que isso, mais de um umbigo.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Caixinha de verdades perdidas

Vivemos numa época em que coisas desnecessárias são nossas maiores necessidades

terça-feira, 17 de junho de 2008

A dificuldade de amar

Diz a lenda que quando a menina era ainda muito pequena, um passarinho pousou em sua janela e ela se declarou pra ele.
Este então, lhe ensinou que o amor é uma coisa muito profunda, verdadeira, forte, e que ela devia deixar para usar aquelas palavras diante de um grande amor, e não assim, banalizado.
A menina escutou com atenção, mexendo nos cabelos com uma mão e acariciando o bichinho com a outra.
Ele se foi e ela passou a usar todas as palavras, te adoro, te curto, todas essas coisas de sentimento, menos o tal do te amo.
E ele ficou em desuso. Enferrujado totalmente. A menina não conseguia encontrar uma situação em que o sentimento fosse assim tão verdadeiro, tão profundo, pra encaixar o eu te amo.
Ela até chegou a pensar que não sabia o que era um sentimento muito forte.
E então o te amo ficou no pedestalzinho dele, esperando uma oportunidade que nunca viria , para tornar-se palavra.
O que é o amor, afinal? Ai que dificuldade que isso se tornou... que mundo banalizado.
A menina então conheceu outra menina. Mesma idade, mesma estatura, mesmo jeitinho debochado de ser, mas que não tinha sido visitada pelo passarinho. Ela então, não tinha medo do te amo, não o idolatrava, não o deixou em desuso. Apenas falava.
Teamo, te amo e teamo.
Ti amu cara. Cara, ti amu.
Aquilo deixou a primeira encantada. Que leveza! Que facilidade! Então o amor é assim? Tão leve? Tão fácil? Então eu posso falar e, de repente, errar? Posso repeti-lo para pessoas diferentes na mesma época? Poxa, que delícia que é amar!
E a outra, que nada sabia, sorriu, abraçou-a e disse “Pode errar, pode mudar de idéia, pode até falar e não escutar de volta. O gostoso da vida é isso, achar que está amando. Quem fica a vida inteira procurando um amor verdadeiro não percebe os tantos outros pelos quais passou”.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ensina-me a viver

Manda-me uma luzinha vai?
Um sinalzinho qualquer... só para eu saber que estou no caminho certo.
Decidir não é fácil como parecia não, por isso eu queria um sinal....
Faz chover quando eu tiver falando besteira? Que um passarinho bonito passe no meu caminho se este estiver correto.
Porque é do ser humano as dúvidas, mas cheguei ao ponto, se me permite o clichê, que não sei nada de bicicletas e sou jovem demais para pensar em casamentos.
Então me manda um oizinho.
Se o sol bater gostoso no meu rosto, num fim de tarde ou eu levar um tropeção na frente de uma agência de viagens já ajuda.
Prometo ficar atenta.

domingo, 15 de junho de 2008

Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Mensagem para o tempo

Em cada presente, a mensagem tem um sentido.
A minha percepção de existência está balizada pelo contexto tempo, mais que pelo espaço.
Uma mesma mensagem, cinco minutos depois, não me vale mais nada.
Passaram- se cinco minutos.
Não sou eu que defino o tempo, mas sou eu que envelheço com ele.
Sou eu que transformo as palavras em jóias, para destruí-las, logo após.
Ou transformo um diálogo em lei, uma vida em nada.
Na minha mensagem de hoje falo de paz.
Peço que o tempo afaste minha ansiedade e me dê paz.
No meu presente, faz todo o sentido.
No presente seguinte, rasgarei tudo.
Nesse presente, ela se faz necessária.
Existimos através da medida tempo.
Presos e crucificados a ela.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O ser humano é um verme

Cara, já pensou nisso? Que o ser humano é um verme? Pô e é mesmo, fiquei grilada.
Saca só:
A gente acorda no nosso caixote, entra no caixote-elevador que nos leva ao estacionamento.
Vummmmmmmmm.
Lá, entramos no caixote-carro que nos conduz, atrás de outros caixotes, ao trabalho.
Ficam todos enfileiradinhos na horizontal.
Cada um em seu caixote.
Horas depois adentramos ao novo caixote.
Um encaixado em cima do outro. Escolhemos o andar-caixote que iremos passar o resto do confinamento.
À noite, shopping. Caixote maior.
Compras no caixote, plum plum.
Caixote no caixote. Toc toc.
E de volta ao apartamento-caixote.
Aos que percebem a vida verme do ser humano, resta a hora do almoço, quando estes saem desgovernados pela rua, atrás de ar.
Atrás de uma fresta de sol.
Atrás de vida.
E não acaba por aí
O ser humano verme agüenta ainda seu caixote interno, onde armazena muito, mas acha que é pouco.
Armazena, armazena
E não é suficiente
O caixote quase explode
E não é suficiente
O caixote cresce, cresce, toma o espaço das emoções, ocupa o espaço da visão, ocupa o olfato, e continua a crescer.
Excesso de informação.
E se o caixote explodir
Bum
Azar.
Outro homem com cérebro-caixote entra no lugar.
Para viver uma vida de verme.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"

Diálogo em que todomundo é ninguém

Ninguém sabe para que
Todomundo se pergunta
Ninguém responde
Todomundo aceita
E Ninguém percebe
Que Todomundo sofre
Vou sair pra ver o céu
vou me perder entre as estrelas
ver da onde nasce o sol
como se guiam os planetas pelo espaço, e os meus passos
nunca mais serão iguais

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Só pra guardar

'A ausência diminui as paixões medíocres e aumenta as grandes. Como o vento apaga as velas e atiça as fogueiras.'

O mundo do homem

Descobri que os meus porquês são todos momentâneos
Não encontrei um porque maior
Um porque que justifique tudo.
Meus motivos duram um sopro de um dia, uma batida de um coração.
Às vezes se prolongam por mais de uma lua e chego a pensar que descobri o porque superior,
Mas reflito e percebo que não,
ainda não descobri o porquê.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Encontre o caminho e os outros encontrarão você.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Plantinha do amor

Parece fácil ter uma plantinha, né?
Pois lhe digo que não é nada fácil. Partindo desse pré-suposto, sua plantinha morrerá cedo. Plantinhas são como o amor, difíceis de cultivar, difíceis de ceder e só algumas vivem para sempre.
Eu comecei a cuidar da minha. Eu acordo cedo, e dou bom dia pra ela. Quando eu não dou, as duas sentem, ela e eu.
Dou carinho, dou água.
Aprendi que se não regá-la, ela não cresce.
Mas se eu regar demais, ela enjoa da água.
Dou toda a atenção do mundo, reparo em cada folhinha que cai, podo direitinho, coloco-a pra tomar sol às vezes, pra ela também ficar a vontade.
De vez em quando estou saindo de casa com pressa, esbarro e a machuco. Ela nunca reclama, nunca fala nada, mas percebo que fica sentida. Essa minha plantinha está me ensinando a ser mais delicada, porque ela é um poço de amor.
Aprendi que ela é ciumenta, então eu tenho que ficar atenta. Não vale a pena provocar
Ela acha que me escolheu, mas não foi assim não. Eu fui à loja, teimei com o vendedor, escolhi o vasinho e escolhi onde a colocaria. Porque só podia ser ela.
Entre todas, só podia ser ela.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Tento ser a mudança que quero ver no mundo.

Formas de amor

Quando eu amei de verdade não tinha essa de cavalo branco,
O negócio era a pé mesmo.
Quando eu amei de verdade não tinha essa de contexto
Tinha só a gente
E o mundo conspirava contra
E a gente nem percebia.
Quando eu amei de verdade, tornei-me transparente
Viam-se meus pensamentos através dos meus olhos
Via-se meu coração através do meu corpo.
Quando eu amei de verdade o mundo talvez nos odiasse
E você odiava o mundo como resposta.
Quando eu amei de verdade, você me ouvia de verdade
Porque acreditava em mim, me admirava
Amava-me de verdade.
Quando eu amei de verdade, a gente gostava das mesmas coisas
Quando eu amei de verdade, andei de ônibus
Fui impulsiva
Chorei de ciúmes
Segurei firme
Aceitei mudar
Joguei-me
Bati a cabeça
E não mais amei de verdade.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Tatu Bola

Minha amiga me contou que a mãe dela não costuma viajar. A gente escutou com atenção.
Minha mãe, explicou, sente tanta angústia em saber que uma hora a viagem vai acabar e que ela vai sentir saudades, que prefere nem viajar.
As meninas não gostaram da explicação.
As mais debochadas continuaram com suas cervejas, numa conversa paralela.
Pra mim não. Aquilo bateu como um esclarecimento, uma explicação.
Sempre que viajo, dias antes, eu choro.
Não entendia o por quê.
Sofro pelo que ainda não aconteceu.
Tenho medo de sofrer.
Acho que depois desse desabafo de bar, eu mudei.
É reconhecendo uma dor que se passa a procurar o remédio.
A cura? Não existe.
A liberdade é azul, não cinza como as paredes da labuta.

terça-feira, 27 de maio de 2008

“Música é uma chuva que molha o mundo inteiro de uma vez. Lava a pressa dos atrasados e mata a sede dos sonhadores.”

sexta-feira, 16 de maio de 2008

As cores de 60

Não sou tão nostálgica
Nem tampouco saudosista
Apenas apaixonei-me por um tempo que não é meu
Apaixonei-me por Beatles
Apaixonei-me por Raul
Por lenços no cabelo, roupas que não combinam
Apaixonei por festas em apartamentos, com violão, tapetes, pernas se trombando
Meu coração bate forte por música da boa
Um amor vivido de mansinho
Beijinhos proibidos na bochecha
Uma cartinha escrita à mão, com caneta gasta
Não sinto falta do que não vivi
Sinto apenas vontade de explicar que quanto mais as pessoas correm contra o tempo, mais ele suga
Mata
Machuca
Tenho vontade de parar digitações compulsivas e dizer ‘olha pela janela, está passando um avião. Não é bonito?’
Seguro-me para não me magoar com aqueles que não tiveram 5 minutinhos do dia para um parabéns
Não sou retrô
Não sou alienada
Se sou brega, não me importo
Penso apenas que sentar na praça no final da tarde e olhar o movimento da rua devia ser uma coisa interessante
Assim como dançar nos bailinhos e ter horário para voltar
Porque sempre restava vontade para o dia seguinte
E o mundo não acabava tão rápido.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Ignorância traz felicidade?

Tem muita gente nesse mundo que é mais ou menos e não sabe
Invejo todas elas.
Vivem em paz, se enganando com o irreal.
O que é a vida, senão, uma bela mentira, não é mesmo?
Mentimos muita coisa
Mentimos que gostamos do vizinho, do trabalho, do trânsito.
Mentimos que os nossos são os melhores
Mentimos para nos mesmos que não nos importamos com as coisas, mentimos para os outros que não nos importamos com as coisas.
Tudo uma grande mentira.
E os mais ou menos, vivem em paz.
Atormentados e ansiosos são aqueles que por algum motivo acabam por desenvolver um lado crítico e realista, e por isso esperam mais, querem mais.
Sabem analisar e diferenciar o bom do ruim. Sabem que podem chegar mais longe, muito mais longe
Sabem que falta muito.
Vivem em paz aqueles que acreditam que não podem mais
Atormentados são aqueles que sonham alto, não mais ou menos.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Minha queridíssima, feliz aniversário

Que no proximo ano vc perca seus medos, vc viva o amor, que aprenda muito e alimente sua alma.
Que vc se torne uma mulher sem se esquecer da criança delicada que existe dentro de vc.
Que os caminhos tenham flores e se não tiverem que vc aprenda a se divertir com o cinza.
Que a trilha sonora seja cada hora uma, que os livros te causem epifanias.
Que as tardes sejam de laranja e lilás, mas que vez ou outra vc possa se refrescar com a chuva. Que o cordão umbilical se desmanche sem rupturas doloridas.
Que vc sinta mais e se julgue menos.
Que vc se encontre, mas que de vez enquanto se divirta se perdendo.

Desejo do fundo do coração que o seu possa sempre encontrar um sorriso.
Feliz aniversário

segunda-feira, 12 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

7 de maio: dia do silêncio

Valorizo o silêncio.
Não o seu silêncio,
Esse me enlouquece,
Mas o silêncio do mundo.
O silêncio que não conheço mais
O silêncio de um final de tarde sem carros, o silêncio de um nascer do sol quentinho.
Ninguém se lembra mais que o silêncio existe porque acabaram com ele
Acabaram com a pequena arara-azul
Acabaram com o Maçarico-esquimó
E assim como os outros que se foram e ninguém comenta
Ele acabou
E logo mais
Ninguém se lembrará dele.

Estilo em Moleskines estilosos

Dedicação

Antes de pensar, pois, já pensei
Como diria Clarice.
E é desse pensar-antes–de–pensar que surgem maravilhas,
Obras primas, sopros de vida.
Beethoven aproveitou o pensar antes de pensar e transformou-o em sinfonia
E é com essa nona sinfonia que pensei antes de pensar que de tudo, pouco vale tanto esforço
E então pensei
E calei-me
Num sorriso dissimulado.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mais ums histórinha de pensar

O vagalume ia
O vagalume vinha
O vagalume brilhava
Brilhava
E brilhava
Sempre fugindo da raposa
Que ia atrás do vagalume.
Zumzumzum
Brilhava o vagalume
Fugindo da raposa.
Até que um dia, exausto, ele se deixou vencer
E a raposa se aproximou.
Ele, modesto e discreto, pediu por uma última pergunta
“Raposa, porque eu? Raposas não se alimentam de pequenos vagalumes....”
“E eu não sei?” respondeu a raposa “É que não agüento tanta luz”

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Bueiro

Eu já tive essa crise antes
E mais e mais vezes
Ela vem, fica um pouquinho comigo e finge que se vai
Mas não vai, apenas esconde-se atrás de uma rotina, uma risada ou um dia de cansaço.
Agora ela voltou e eu sei por quê voltou.
Primeiro porque eu não a tratei, e doenças são assim
Como cachorrinhos
Latem quando estão com fome ou precisando de atenção
Segundo porque cutuquei.
Faço isso às vezes
Pra ter certeza de que ela ainda existe,
Acho que porque já me apeguei a ela
E cá estou eu, com a minha crise.
Sempre que algum resquício seu aparecer, a crise vai voltar
Porque são seus rastros que me mostram o que eu gosto
É seu estilo, sua fome por cultura
Até seu jeito sensível de ver as coisas é o que eu gosto.
Não estou dizendo que é de você que eu gosto
Seria contraditório de minha parte
Estou dizendo que gosto do que você gosta
Estou dizendo que preciso do que você precisa
Estou dizendo que não ter o que me alimenta, me deixa com fome
E eu lato
Como cachorrinho
Tentando sarar uma crise.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Diz que fui por aí


Sonho vivido em família, cheio de cores e sabores

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Geração da Solidão

Eu tenho voz agora
Eu tenho meios
Eu tenho blog, e-mail, caderno, boca
A comunicação atual não é difícil
É fácil tornar-se alguém
E perder-se no minuto seguinte,
No meio de tanta informação
Tanta mesmice
Tanta baixaria
Tanta falta do que dizer
Tanta tanto
E mesmo assim ninguém me ouve
Estou aqui, estou aqui, grito eu
Meu vizinho também grita
E os outros também gritam
Todo mundo grita
Uma população grita
Um trilhão de vozes
Que se tornam nada.
O mundo está barulhento
O mundo está ficando surdo
Uníssono
E ninguém mais escuta
As notas baixinhas da bossa nova
O trem de ferro
E muito menos a minha voz.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Uma homenagem


Parabéns por ter coragem
Parabéns por ser tão querida
Parabéns por falar o que pensa
Parabéns por ser doce e mandar notícias da nova vida
Parabéns pelos 25

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Briga de Amor

As irmãs brincavam sempre,
A primeira ia em direção à segunda, lhe esmagava de amor e saía correndo, como fazem as crianças
Ela corria para também ser esmagada de amor.
A segunda não correspondia, mas como toda criança quando corre, a primeira automaticamente esquecia da brincadeira
No dia seguinte era a mesma coisa
E no outro também
E mais um outro qualquer
Esmagava de amor, esmagava e esmagava
Era muito amor.
Até que um dia, batendo em retirada, a menina finalmente percebeu que não estava sendo seguida.
Virou-se e a irmã estava caída no chão.
Foi então que ela percebeu que sempre a machucava,
e nem olhava para trás.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Se eu só lhe fizesse o bem, talvez fosse um vício a mais, você me teria desprezo no fim

Hoje minha vida não pode esperar

Acordei com vontade de realizar meus sonhos
Posso, você deixa?
Você me deixa fazê-los do meu jeito?
Porque sei que preciso do apoio seu, mas da atitude minha
Só minha
E hoje queria realizar meus sonhos
Mesmos que eles não estejam na planilha
Mesmo que meu futuro tenha que esperar
Mesmo que Bil Gates tenha que esperar
Mesmo que eu não entre na lista de destaque
Nem na de milionárias bem sucedidas
Muito menos na de mais inteligentes do planeta
Porque essas pessoas também viram pó um dia
E muitas delas não realizam seus sonhos
Talvez nem sonhos tenham essas pessoas
E eu tenho alguns
Eles cabem numa mão
Porque estou modesta e desacostumada a realizar meus sonhos
Chutar tudo pro alto e fazer as coisas do meu jeito
Mas andei pensando, andei sonhando, andei esperando demais
E agora quero viver
Quero fazer valer a pena
Posso?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Olhar Sincero, O Teu, Olhão

O olhar demanda, o olhar que encanta
O olhar que pede, o olhar que doa,
O olhar que ama, o olhar que cede

O olhar que flerta, o olhar à toa
O olhar que cega, o olhar seleta
O olhar exclui, o olhar entrega...

Dos mil olhares, o meu preferido
assim espero! Olhar Sincero.
Teu olhar eu quero, Olhão!

A Vida de Sereia

Ela é de aquário
Ela vive num aquário
Ela construiu seu mundo no fundo do mar
Tem de tudo no seu mundo do fundo do mar
E ela vive nele todos os dias
Horas e horas
A digitar, a batucar
Tudo dentro de seu aquário.
Nós humanos, tentamos nos aproximar
Olhamos pelo vidro, curiosos
O fundo do mar parece sempre tão belo
Eu mesma não me canso de tentar entendê-lo
Esse mundo ainda tão pouco descoberto
Mas como qualquer pessoa, não agüento por muito tempo
Humanos não agüentam muito tempo sem respirar
Irmãs mais velhas não agüentam muito tempo sem respirar, por mais que se esforcem
E volto a superfície tentando me convencer de que é tudo que ela pode me oferecer
O resto, por mais que eu insista, só será vistos pelo vidro
O vidro de seu aquário.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"Aperfeiçoa-te na arte de escutar, só quem ouviu o rio pode ouvir o mar"

Chegou a hora

Atenção senhoras e senhores,
as apostas foram encerradas
e o jogo será iniciado
a partir de agora.
Não mais palpites e opiniões,
Não mais troca de olhares,
Não mais certezas e intuições,
Suspiros e apertos de mão.
Suspendam as apostas
porque a partir de agora,
não podem ter mais desejos.
Só a sorte
Ou o azar,
só o destino de cada um.
A partir de agora.
JP

quarta-feira, 16 de abril de 2008

segunda-feira, 14 de abril de 2008

... O que separa as melhores pessoas das pessoas comuns?...

Respondendo ao seu eu

Lido mal com a saudade
Ela me faz mal
Porque são muitas as saudades
De muitas pessoas
Pessoas que nem sabem que eu sinto saudades
Ou pessoas que nem são mais as quais eu sinto saudades
Assim como não sou mais quem fui
O que faz com que alguém que sinta saudades de mim
Sinta algo por alguém que talvez não mais exista.
Hoje, lendo seus textos, senti mais saudades de você
Uma saudade de um tempo que não existe mais
Mas principalmente saudades de você que conheço
Do seu jeito inteligente de criticar
De fazer todo mundo mudar de idéia
Das suas perguntas que nos fazem ficar sem resposta
E permanecer sem resposta por dias
Das suas risadas fanhas.
Berlim com certeza a está ajudando a se descobrir
Mudar
Ou assumir o que sempre foi
Talvez transformar-se no que sempre quis ser.
Eu sinto saudades da voz rouca que conheço.
Não sei se estou sentindo saudades da mesma pessoa que saiu do Brasil com um olhar assustado
Mas independente de quem você for agora
Eu admiro
Eu leio
E sinto saudades

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Tempo Vertical

Alguns dias duram vários dias
Alguns minutos estendem-se por horas
Alguns dias não duram para sempre.
Meus minutos não fazem sentido
Não combinam com o relógio
Vivem a me dar sustos
Alguns segundos eu perco por aí, e nunca mais recupero
E outros voltam e duram e duram
E continuam durando.
O tempo é muito mais que a linearidade de um horizonte
E mais complexo que uma linha do tempo
O tempo me escapa muito mais do que gostaria
Escapa para todos
O Big Ben perde o sentido todos os dias
Porque a hora de lá já passou
A daqui também
E já é outono outra vez.
Viva
Viva os seus momentos
A fim de cada vez mais afastar-se da linha do tempo horizontal proposta em sua cabeça
Proposta pela sociedade
E transforme seu tempo em um tempo seu
Onde segundos duram dias
E horas não têm um fim
Sinta
É preciso sentir
Do menor ao maior
Sinta todos os sentimentos
Porque desta maneira o tempo torna-se vertical
e a vida torna-se vivida.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Contas de uma história de amor

Eu fiz uma escolha
Faz tempo, mas agora ela veio cobrar as contas
E eu tive que bancar.
Fechar a casa, juntar os CDs e entregar as chaves.
Agora estou com aquela sensação de medo de amor
Sensação de deixeivocêir
Sensação de que o mundo pode querer abrir as portas pra você
Pode querer escancarar as janelas
O mundo pode lhe oferecer quadros de histórias
Ou gravuras
E você pode gostar muito
Pode gostar mais.
Agora que eu soprei seu pó ele pode voar longe
E tomar novas formas
Gostar de novos ares.
Ele pode sair por aí
E ser pego por qualquer um,
Encostar num cantinho gostoso.
Eu sempre pago minhas contas
Mas algumas eu demoro mais
Porque são mais caras
E doem mais.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Alimente-se bem

Comecei medíocre
Me alimentei desse mais ou menos e fui engordando mais ou menos
Engordando de coisas medíocres
Engordando de satisfatórios e toleráveis.
Meu organismo se acostumou a eles
Luto, me esforço, mas é como dieta, organismo acostumado demora a responder.
E assim, dia após dia, sofro sem saber como tornar-se brilhante num mundo que eu mesma criei, e o qual me acostumei.
Como numa dieta, prometo me esforçar, começo hoje e abandono amanhã, por não saber exatamente quais as combinações de alimentos que não podem se misturar.
Às vezes me convenço de que o problema está no contexto, não em mim
Sei, no entanto, que quem aprendeu a alimentar-se de sucesso, reconhece rápido uma comida mais ou menos.
Me acostumei ao mais ou menos e não sei cozinhar caviar.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Notas musicais de uma canção tom maior

Dou a nota
Repito e acrescento outras
Minha cabeça dá o tom
Faço o resto da canção
Solto o corpo
Lavo a alma
Sinto que a música me salva
Do que antes me doía
Ao cruzar com alguém que não gosta, não arma um circo
ou faz campanha para destruí-lo. Simplesmente o evita.
A taurina tem uma capacidade imensa em demonstrar
indiferença e frieza para com seus inimigos.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A amizade tira férias

Nossa amizade me faz falta
Ela pegou as malas e se foi.
De vez em quando vem parar um cartão postal em minhas mãos
Dizendo seu paradeiro
Dizendo se está escondido ou aprontando
Dizendo se está gritando nos jogos de futebol
E achando muitas coisas ridículas
Mas um cartão postal diz pouco
E não me é suficiente.
Às vezes vem parar em meus ouvidos suspiros
Mas suspiros seus também são vagos
E não me trazem a amizade
Que pegou as malas e se foi.
Ás vezes leio textos
E sei o que você diria, o comentário que faria
E sinto que é mais uma notícia da nossa amizade
Mas é vago
Porque amizade tem cheiro, tem cor, tem vida
Tem que ser alimentada, como diria você
E não me é suficiente.
Ontem, no entanto, tive uma conversa
E ouvi sobre você coisas bonitas
Sobre alguém que também te admira
Alguém para o qual a amizade não fez as malas
E isso me tranqüilizou
Me foi suficiente.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Peguei emprestado

...Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais.
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
esse caminho que eu mesmo escolhi é tão facil seguir
por não ter onde ir

Blashback de um dia comum

Isso que o mundo dá voltas
Ele dá voltas mesmo
Gira
Gira
E trás meu passado de mansinho a mexer
Cada passado mexe de um jeito
Coça uma parte do corpo
Algumas pessoas fazem uma massagem no ego, gostosa, que deixa a gente sorrindo a toa
Outras dão um apertão violento no coração.
Nossa que aperto
Taurina que sou, fico estranha com essas visitinhas do passado
Sempre tenho que colocar uma música que me faça bem
Respirar fundo e olhar no canto do computador
16:03 do dia 3 de abril de 2008
Não é ontem nem anteontem
Não é ano passado
Não é infância
É 3 de abril de 2008
E acredite,
É preciso ficar atenta
Numa piscada de olho
Tudo muda novamente
E o presente me escapa.

terça-feira, 1 de abril de 2008

O amor faz apostas

Apostei no fulano
Vc apostou em mim
Apostei no beutrano
Vc apostou em mim
Apostei em qualquer um
Vc apostou em mim
Apostei em todos
Vc apostou em mim
Apostei na linha do horizonte
Vc apostou em mim
Apostei na morte da bezerra
Vc apostou em mim
Até que um dia o mim foi sorteado
De tantas apostas que foram feitas
E eu reparei nele pela primeira vez.
Agora vou apostar no nós
Quero que seja o próximo prêmio.

Onomatopéia do dia

TUM TUM
TUM TUM
TUM TUM

segunda-feira, 31 de março de 2008

No Ringue da Vida

Fui nocauteada da seguinte forma:
3 chutes no cérebro
Dizendo pra eu me esforçar
1 soco na auto-estima
Pra eu ver que as coisas não são bem assim
4 tapas na idade
Dizendo pra eu largar a menina e assumir a mulher
1 beliscão na inocência
Pra eu perceber que time is money, baby
1 dedada no olho,
Pra eu não ver todas as pessoas como minhas amigas
Mordaça nas gargalhadas
Mordaça nas risadas
Mordaça no deboche
Mordaça nos assuntos que interessam
E, por fim, um golpe no coração, pegando o pulmão,
De maneira que além de sem ar, eu seja realista e fria.
Fiquei caída por um tempo.
Mas esqueceram de machucar a esperança e o bom humor,
Então logo estarei a fazer dançinhas ridículas novamente,
Reformuladas.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Ela que é 100% ela, tentando ser ela

Me conta mais sobre o que se passa no seu eu
Eu quero ser, mas não sei o que será de mim depois disso.
Sei que sou muito,
aqui quase o tempo todo,
mas ainda não entendo o que sou e o que não sou.
"Jesus era jesus para todos, mas o que era jesus para jesus"

A razão do meu receio

Sozinha eu decido a hora que vou embora,
Onde vou no final de semana, e o que comer.
Decido quem sou eu
E o papel que quero desempenhar para os outros.
Decido quando quero me esconder e respeito,
Posso simplesmente desligar o celular.
Posso usar como desculpa para tudo o fato de estar sozinha
E posso controlar um pouquinho mais as minhas expectativas e frustrações.
Quando não estou mais sozinha, me entrego,
E perco tudo o resto.
Menos a frustração e a expectativa, elas vêm comigo.
Nada do que foi será
de novo
do jeito que já foi um dia

segunda-feira, 24 de março de 2008

As cobras e aranhas dos meus sonhos

O pesadelo bateu na porta da casa
E a menina o deixou entrar sem olhar quem era
Quando o viu, ficou transtornada
Contou pra todo mundo
E o pesadelo ficou feliz com a popularidade.
No dia seguinte ele veio de novo
E a menina repetiu o erro
Deixou-o entrar
Mas dessa vez o pesadelo pegou pesado
Aproveitou-se do espaço dado e entrou com tudo
Escancarou a porta e chegou contando absurdos
Escurecendo o dia e deixando medo no ar
A menina se assustou em dobro
Até chorou
E ele se foi pela manhã, sem deixar saudade
Mas o pai e a mãe, que não são bobos, perceberam a bagunça da casa
Consertaram as janelas
Pegaram os medos espalhados por todo canto
Secaram as lágrimas
Ensinaram a menina a não abrir a porta para estranhos
E trocaram as fechaduras.

Tres coisas fundamentais para a felicidade

Já que os livros de Medicina no futuro
não servirão para nada,
Já que certos conselhos
tambem não ajudarão muito,
Já que existe o risco de tudo
sobrar muito pouco,
Gostaria que você pelo menos
Guardasse para si tres coisas importantes.
Muito importantes,
porque só elas serão a minha herança.
Em primeiro lugar saber cantar Daisy, Daisy
(Daisy, Daysi,
give me your answer do
I'm half crazy
all for the love of you
It won't be a stylish marriage
(I can't afford the carriage)

But you'll look sweet
Upon the seat
of a bicycle made for two).

Em segundo lugar saber preparar
o bacalhau à Gomes Sá
(com cebola, ovo, pimentão, batatas e,
é claro,
bacalhau muito bem escolhido).

Em terceiro lugar,
(acho que isso você já sabe)
fazer a dobradura do passarinho
e da caixinha
(atenção! O papel deve ser rigorosamente quadrado
com as dobras muito bem alinhadas).


Teu babbo

quarta-feira, 19 de março de 2008

Eu perguntando sobre mim

Quem sou eu
Alguém me ajuda?
Eu queria saber
Queria mesmo
De verdade
Eu sou morena, certo? Cabelo comprido, certo?
Eu sou espontânea e debochada, certo?
Mas quem sou eu, alguém me ajude
Eu olho no espelho, olho, e depois olho de novo
Sempre encontro alguma coisa nova, que eu não sei se estava ali faz tempo
Olho, olho, olho
Mas ele nunca quer me responder quem sou eu
Ele fala “o máximo que posso te mostrar é isso, o resto é com você”
E eu falo mal dele, porque não custava nada ser mais generoso
E responder minha perguntinha
Quem sou eu?
Sou amiga? Sou atrapalhada? Sou chata? Sou impaciente? Sou carinhosa?
Eu dou muito trabalho?
Eu sei responder as coisas? Sei olhar na hora certa, sei sorrir na hora certa?
Sei me apaixonar na hora certa?
Isso certamente eu não sei.
Eu sei contar histórias? Sei ajudar a pentear o cabelo?
Dei algum conselho que você nunca se esqueceu?
Porque você com certeza me falou algo que eu guardei e lembro
As pessoas sempre falam coisas que às vezes voltam e me fazem pensar ou rir
Isso eu sei sobre mim.
Mas e o resto?
Todo o resto?
Alguém pode me ajudar?
Hoje queria saber quem sou eu
Só por curiosidade
Pra saber se gosto , ou não, de quem sou eu.

Inspiração

Secou, secou
dum dum
Uma cabeça vazia
dum dum
Uma poesia que ia
dum dum
E não mais voltou.

terça-feira, 18 de março de 2008

"Tenho paixão pela palavra [...] É coisa preciosa, como uma mulher bonita"

AJUDAR

do latim: lat adjutare.
Verbo transitivo direto e verbo transitivo indireto (o que quer dizer que você pode ajudar diretamente, ou colaborar para que alguém possa ajudar)
1 Dar ajuda ou auxílio a, favorecer, reforçar, socorrer, facilitar, promover, dar assistência, ...
1.1 auxiliar-se mutuamente Ex.: eles se ajudam, pois são muito unidos

Antônimo
(sim, existe gente que usa): dificultar, prejudicar.

Sinônimos (super bem-vindos!): acolitar, acompanhar, acorrer, acudir, amparar, apadrinhar, apoiar, assistir, auxiliar, bafejar, beneficiar, coadjuvar, concorrer, contribuir, cooperar, desatravancar, desembaraçar, desentravar, desimpedir, desobstruir, facilitar, favorecer, privilegiar, secundar, socorrer, valer...

Manha Mensal

Eu vou fechar os olhos e fazer manha
Você vem
Pega na minha mão
Fala que eu não devo chorar
Fala que sou bonita de qualquer jeito
E inteligente
E que tudo vai ficar bem
E que não aconteceu nada
E que vai me encher de beijos
E que não preciso trabalhar quando não quiser
E que você vai colocar sempre dias de sol na minha frente para a hora que eu abrir os olhos, poder ficar feliz e animada
E vai colocar passarinhos pra cantar na minha janela
E que eu sou a menina mais especial que você já conheceu na sua vida
Abraça-me, e pronto. Ficará tudo bem.
Mas nada de decorar as falas
Na TPM do mês que vem o discurso deve ser aprimorado

segunda-feira, 17 de março de 2008

Meu dia de trabalho

minha chefe entra e vê:
RES
RES RESRES RES RES
RES RESRES RES
RES RESRES RESRES RESRES RES
RES RESRES RESRES RESRES RESRES RES
RES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RES
RES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RESRES RES

quinta-feira, 13 de março de 2008

Eles descobrem que As Coisas Podem Mudar num Dia

quarta-feira, 12 de março de 2008

Ela responde por minha menina

Minha menina
É assim que ele, não tão naturalmente a chama
Ela que decidiu que seria assim
Ele que decidiu aceitar os gostos dela sem nenhuma objeção
Ele liga e fala oiminhamenina
E os dois gargalham
Riem sem parar
Uma risada que dá gosto
Ela ri da risada divertida dele
Ele ri de tudo
Ri porque está apaixonado
E a voz dela faz cócegas
Ela continua rindo porque gostou que ele ligou fora de hora
Para dar satisfação de algo que ela nem se importa
E assim uma risada alimenta a outra
A gargalhada de um abraçando a gargalhada do outro
E os dois desligam sem terem dito nada
Mais corados e felizes
Pela conversa mais gostosa do dia

terça-feira, 11 de março de 2008

Fada da Sorte

Eu acredito em fadas
Elas estão em todo lugar
Elas vêm de mansinho e nos fazem cócegas
Elas ajeitam casais
Elas colorem um dia triste
As fadas são espertas e sabem se esconder
Produzem muita luz
Eu acredito que as fadas fazem coisas mágicas
E às vezes também são ciumentas
E nos fazem tropeçar do nada.
Algumas fadas são disfarçadas e vêm à terra
Pra cuidar dos sortudos
Elas são doces e caprichosas
Fazem algumas gracinhas sutis
E fazem as coisas darem certo sem querer querendo
Vestem flores
Usam fivelinhas
Usam sapatinhos e gostam do Walt Disney
Gostam de histórias de amor
E de histórias de fadinhas.
Só acredita quem conhece alguma
Só conhece quem acredita.
Ai, como essa moça é descuidada
Com a janela escancarada
Quer dormir impunemente
Ou será que a moça lá no alto
Não escuta o sobressalto
Do coração da gente

segunda-feira, 10 de março de 2008

As minhas pequenas coisas

Tenho uma caixinha que guardo todas as minhas pequenas coisas. Não tranco essa caixinha,
Nem é preciso
Elas são coisas tão pequenas, que nem todo mundo enxerga
Mas eu as vejo porque pra mim são todas coisas muito grandes
São coisinhas bem trabalhadinhas e cheias de valor
Muita riqueza carrego em minha caixinha
E essa caixinha tem muitos espelhinhos por fora, ela é branca e reflete muita luz, porque ela fica perto de alguma janela, de um belo jardim, que fica florido o ano todo, mesmo que seja inverno rigoroso.
Não adianta eu abri-la pra você
Nem eu querer descrever tudo que tem dentro dela. Primeiro você vai dizer que ela não existe, depois que ela está vazia, e por último vai teimar que não cabe tanta coisa dentro dela
Mas cabe sim
Cabem todos os meus sonhos
Cabem os seus sonhos também, mas não vou guardá-los comigo
Guarde-os pra você, na sua caixinha.
Dentro da minha caixinha de pequenas coisas existem coisas tão, mas tão grandes
Hoje eu coloquei uma música nova que descobri pra tocar na minha vitrola e abri a caixinha pra olhar minhas coisas
Não deu tempo de olhar tudo, claro, nunca dá tempo de olhar tudo, mas olhei os últimos dias e tudo que guardei
A pequena coisa que ocupou mais espaço nesses dias foi um olhar que ganhei
Foi quase um olhar roubado, por isso deu muito trabalho
Foi um olhar espontâneo
Que acabou entregando um coração apaixonado
Ele vale muito
Olhares que mostram a alma valem muito
Guardei- o com carinho na caixinha de pequenas coisas grandes

O Deus das Pequenas Coisas 4

Não importava que a história tivesse começado, porque ele descobriu há muito tempo que o segredo das Grandes Histórias é que elas não têm segredos. As Grandes Histórias são aquelas que você ouviu e quer ouvir de novo. Aquelas em que você pode entrar por qualquer parte e habitar confortavelmente. Elas não enganam você com truques e finais emocionantes. Elas não surpreendem você com o imprevisível. Elas são tão familiares como a casa em que se vive. Ou como o cheiro da pele do amante. Você sabe como elas terminam, mas, mesmo assim, você escuta como se não soubesse. Da mesma forma que apesar de saber que um dia vai morrer, você vive como se não fosse. Nas Grandes Histórias você sabe quem vive, quem morre, quem encontra o amor, quem não encontra. E, mesmo assim, você quer ouvir de novo.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Ganhei mais um passarinho

Meu pai quer me ensinar a fazer passarinhos
É simples
Uma bela dobradura.
Ele fala ‘sabe fazer o passarinho?’ e eu respondo ‘não, sei fazer a caixinha’.
Mas ele não quer que eu aprenda a dobrar caixas
Nem que eu aprenda passarinhos
Quer que eu dobre a memória
Quer me deixar uma herança.
A tradição do passarinho.
Algo para passar aos meus filhos, que também passarão adiante
O passarinho tem que voar longe
Voar no tempo.
O que ele não sabe
E nem imagina
É que eu já tenho uma coleção de longos vôos
Uma coleção de dobraduras para passar adiante,
Uma lista carinhosa de lições que não precisam de papel
Tampouco coordenação
Eu tenho muitos passarinhos,
Todos ensinados por ele
E prontos para voar.

quinta-feira, 6 de março de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

A descoberta da menina flor

A rosa é muito mais mulher
Bem mais vivida.
Ela carrega seus espinhos,
Ela tem suas desconfianças.
Carrega a cor do amor e a cor da raiva
Ela já sabe o que é a raiva de um amor.
É imponente, usada, gasta por poemas de amor.
É desejada por ser muito mais mulher.
A rosa banca-se por si só
O clichê dos apaixonados.

Já a margarida é pura
Permite-se ser infantil e atrapalhada
Admite que é o conjunto que a faz feliz, a faz completa.

E eu sou muito mais uma margarida
Uma menina-flor
Uma menina-mulher
Uma flor borboleta
Com tatuagem nas costas e alguns medos
de menina margarida.

terça-feira, 4 de março de 2008

Suspiro de uma pisciana que a mim desabafa

Quem gosta de passado e de futuro é todo mundo que não consegue se exercitar o suficiente para permanecer no presente e deixar com que ele te surpreenda.
Passado não é material, não da pra pegar; traz nostalgia, saudade;...
Futuro não existe, te tira daqui pra te trazer esperanças, ansiedades, frustrações de algo que você não sabe,
Não tem futuro
Nem passado.
Olha essa nóia.
Só tem agora.
Quem tem medo e esperança (futuro) e quer se auto-proteger de uma situação se confortando num passado PASSADO, não vive a vida na vida.
Vive num mundo de imaginação e perde toda a mágica do que está acontecendo... E SEMPRE TEM ALGUMA COISA ACONTECENDO

Espírito Rita Free

Se deus quiser
Um dia eu quero ser índio
Viver pelado pintado de verde
Num eterno domingo
Ser um bicho preguiça
Espantar turista
E tomar banho de sol banho de sol
Banho de sol
Sol

O tempo não pára não

Hoje senti medo
Tentei parar o tempo
Tentei olhar para trás
Segurar-me em algo que dure para sempre
Mas não encontrei nada
Nada que dure
Não me venha com o papo de amor eterno
Preciso de algo sólido,
Palpável, vivo, morto
Um tempo que dure pra sempre.
Não encontrei nada
O teto do meu quarto ficou baixo, meu coração apertado, e fui fraca. Desviei o pensamento porque hoje senti medo
Medo do amanhã.

segunda-feira, 3 de março de 2008