quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Próxima estação

Pára o mundo que eu quero descer
Não entendo nada disso
Não é assim que tem que ser
Pára o mundo
Eu quero descer
Quero andar por aí, bem devagarinho, sem medo de perder a carona
Pára mundo
Eu vou descer
Meu ponto é logo alí
No bairro do zé ninguém
Vizinha da confusão
Longe, bem longe da satisfação
Pára mundo, pára
Eu tenho que descer
Que aqui está muito apertado
Muito cheio de gente
Muito lotado
Não sobra espaço para minha amiga paciência andar de bicicleta
Pára mundo
Pára agora
Eu vou descer, porque fui enganada
Me contaram que crescer forte era crescer feliz
Não me contaram dessa parte de estética
Não me contaram que o mundo era fútil
Pára mundo, que eu peguei o bonde errado
O que eu queria dizia sucesso
Não esse tal de expresso
Pára tudo
Vou parar por aqui mesmo, desacompanhada mesmo
Com medo mesmo
Porque tudo isso eu não concordo
Tudo isso eu não acompanho
Pára mundo
Eu já paguei a minha passagem
Agora quero descer.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Primavera ...reflorescimento da fauna e da flora

Luta corporal

Meu estomago dói, ele sente o peso de uma decisão
Se contorce
Se ajeita
Reclama,
Aperta
Dificultando ainda mais minha concentração, numa tentativa de boicote
Pode gritar, pode fingir estar com fome, pode fingir queimadas amazônicas,
Eu agüento você.
E se eu vencer,
você me agüenta, e sossega, por favor.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A bolsa alemã

Se alguém me perguntar como você está, sei dizer.
Sei que continua falando alto, fazendo amigos de todos os tipos no bar
Sei que bebe uma loirinha sempre que pode
Se alguém me perguntar, é fácil
Sua bolsa está cheia de livros de orelhas amassadas, que você carrega pra todo lugar
Sua bolsa continua coração de mãe, com chiclete do mês passado, caneta, carteira bagunçada e um papel amassado importante que você tem certeza que perdeu
Sua risada continua destronando qualquer rei e agora você com certeza noiou em algum personagem novo, seja ele escritor, músico ou filósofo
Ele é perfeito agora, só neste momento da sua vida.
Sua casa é uma bagunça estilosa, sempre aberta para que o mundo possa tocar um violão.
Se alguém perguntar o que você faz,
Exatamente o que faz,
Eu vou desconversar, porque não sei.
O que eu sei é muito mais interessante.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Globalização das estações

Houve um tempo em que existiam as estações do ano. Elas vinham certinhas, com data e tudo. Cada uma tinha suas características e segredos, como as folhas do outono.
São Pedro conseguia se organizar direitinho: mandava sol quando era hora de enxugar as lágrimas e a chuva rápida pra aliviar o calor.
Mas o homem, sempre insatisfeito com a vida, sentiu que queria mais sexo, mais drogas e mais rock and roll e saiu por aí para se misturar, espalhar, globalizar.
Baiano com Copacabana, tio Sam tocando batucada e toda essa bagunça gostosa.
A mistura virou tanta que as estações já não entendiam mais que país era qual e que estação surge da mistura de japonês com manga e cream cheese, e resolveram que então era hora de elas também saírem para fazer amigos.
A voltinha das estações transformou-se no samba do criolo doido.
A chuva apaixonara-se pelo natal, o sol brigou com a praia, o inverno comprou passagem só de ida pra Europa - sentia muita falta de Paris – e o verão, que já era mais saidinho e gostava de roupinhas curtas, está de caso com todas as estações disponíveis, de forma que aparece quando bem entende, faz seu showzinho, anima o pessoal e se manda pra outro programa mais interessante.
A única que não topou a diversão foi a primavera, muito bem-casada com o jardim.
Ela já tem flores demais para cuidar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Arma

Palavras faladas sem querer
Palavras pra desabafar
Palavras cansadas
Palavras de carinho
Palavras acentuadas demais
Palavras que precisam de um chacoalhão
Palavras que não esqueci
Palavras que cobram
Palavras que apagam tudo que falei
Lidar com palavras, eu pouco sei.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Falemos sobre bolhas de sabão

Pode se aproximar,
Puxar uma cadeira
Não vou perguntar nada
Nem sequer puxarei assunto
Não quero saber quantos anos você tem, nem quantos irmãos
Não me interessa quantos países deixou para trás, quantos amores lhe fizeram sofrer, nem tampouco a quanto tempo pensa em mudar de emprego
Números não me interessam, não sei contar.
Tanta gente por aí fala muito e não diz nada, ou quase nada

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Talvez o belo seja triste porque é efêmero, como um beijo de borboleta