sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Me deixe comer minha maçã

Se o touro tem uma ambição, é a de que o deixem sossegado onde está. Como, em geral, ele vai estar sempre bem instalado, cercado de belos móveis, boa comida e bebida de primeira, não há porque estranhar sua tendência ao imobilismo. Ninguém pratica melhor do que ele o velho ditado "mais vale um pássaro na mão que dois voando": enquanto o ariano se entedia se não está correndo atrás de uma causa (quanto mais perdida, melhor), o taurino se desespera se tem que alterar sua velha e boa rotina. Nada mais natural para um signo regido pela mais preguiçosa das deusas, Vênus. E a preguiça, ao contrário do que se diz, é uma admirável virtude: sem ela não seria possível relaxar e aproveitar as férias, relaxar e beber um bom conhaque, relaxar durante aquela maravilhosa massagem do seu japonês preferido, a até mesmo relaxar e sair da sala para tomar um cafezinho enquanto o chefe espuma e berra porque o trabalho não ficou pronto a tempo. Afinal, o mau humor do chefe vai passar, e o mundo continua ali, no mesmo lugar. Com seu modesto pragmatismo, o touro enfrenta as maiores crises sem chamuscar uma lasca de chifre. A vida, para ele, é simples e clara, e deve apenas ser bem vivida.

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