Atira para o mar as tuas coisas
abandona os teus pais
muda de nome
Esquece a pátria
Parte sem bagagem
Fica mudo e ensurdece
Abre os teus olhos.
Se o teu amor não vale tudo isso
então fica onde estás
gelado e quieto.
O amor só sabe ir de mãos vazias
e só vale se for
O único projeto.
terça-feira, 28 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Disseram
Disseram-me que você está muito mais livre agora, muito mais segura, muito mais você. Eu acredito e tenho vontade de passar uns dias aí pra conhecer a nova pessoa, mas vou te dizer uma coisa, se tinha alguém era livre na nossa adolescência, era você. A gente ia pra praia, e a sua casa era palco de todas as aventuras, porque lá tudo podia. Todo mundo podia ser qualquer coisa, todo mundo podia tentar qualquer coisa. Todo mundo podia assumir a preguiça com a cozinha ou fazer-se cozinheiro. Todo mundo podia pregar suas idéias, podia aceitar ou rejeitar uma bebida, podia ter medo, podia levar visitas, podia gritar besteiras. Era na sua casa que as pessoas podiam dormir dias seguidos, se esse fosse o desejo. E você? Você era livre, você era nem aí. Você batia o carro, você andava desengonçada, com roupas do avesso. Você se permitia ter uma frasqueira, toda bagunçada, você saia de casa para voltar qualquer dia. Você recebia do mais estranho ao mais fraldinha com o mesmo sorriso e uma única exigência ‘manda trazer um colchão’. Foi assim que eu te trouxe pequenas miss sunshines, foi assim que novas turmas surgiram. Você sempre foi muito você, acredite. Os gritos que eram só seus, a unha mal feita, as histórias do acampamento e até o cabelo bagunçado. Você sempre foi muito você. Até a teimosia era só sua, as longas discussões e a paixão por um buteco. As sainhas, que você adorava, mas doava pra qualquer um que pedisse, e as folhas com anotações. Querida, não sei como você está agora, mas saiba de uma coisa, você sempre foi livre, e sempre foi muito você, o que nos deixa com uma saudade doída. Feliz aniversário, que você continue suas transformações, continue sendo muitas ,sendo apenas uma ,sendo nova e sendo você.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Reivindicação das Putas
As prostitutas do passado são as meninas de hoje. Sainhas minúsculas, decotaços, roupas de grife – verdadeiras ou falsas. Na fala, nenhuma alteração: as mesmas gírias chulas. As putas do passado, tão distantes das princesisnhas e garotas de família, agora apresentam pouca ou nenhuma diferenciação de toda e qualquer menina geração século XXI. As putas estão irritadas. As putas reivindicam. As putas gritam pelas ruas. Pedem algum diferencial, pelo menos quanto ao comportamento. Que voltem as meninas com sonhos! – exclamam elas, desesperadas por algum tipo de destaque nessa concorrência desleal, de ninfetas que se oferecem de graça.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Bicicletai, Meninada, aos Ventos do Arpoador
Quero ser a menina que passa
Transitória
Colorida
Princesa da zona
Rainha da paz
Quero ser a mulher que passa
Que passa longe
Que passa pelo mundo
Que passa de bicicleta
Com bolsa de lado e bolhas de sabão
Quero ser a menina que passa
Que passa para ver o pôr do sol
Que passa para ver as novidades
Bicicletando pelo parque
Bicicletando por aí
Quero ser a menina que passa
Do povo
Da gente
Que suga, transpira, aprende
Que observa
O povo dançando à minha frente.
Transitória
Colorida
Princesa da zona
Rainha da paz
Quero ser a mulher que passa
Que passa longe
Que passa pelo mundo
Que passa de bicicleta
Com bolsa de lado e bolhas de sabão
Quero ser a menina que passa
Que passa para ver o pôr do sol
Que passa para ver as novidades
Bicicletando pelo parque
Bicicletando por aí
Quero ser a menina que passa
Do povo
Da gente
Que suga, transpira, aprende
Que observa
O povo dançando à minha frente.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Saudável Equilíbrio da Vida
Ainda deitado na cama e de olhos fechados, Pedro fez um rápido check list mental das atividades do dia. Assim que acaba, respira fundo e se levanta. Diante do cotidiano retrato no espelho, escova os dentes e se dá conta que as luzes do dia haviam tingido a cidade com uma monocromática e fria escala de cinzas. Duas horas mais tarde, Pedro entra no escritório. Enquanto tira a mochila das costas, liga seu computador e senta em sua cadeira. Embora ansioso por repostas daquele novo projeto, seu telefone não toca toda a manhã e o decorrer do dia não tem maiores emoções além de apagar pequenos incêndios. Nos escassos minutos que dura seu terceiro café, Pedro começa a sentir um certo desânimo. De volta à sua mesa de trabalho, ele se dá conta de que nem sempre pode conseguir aquilo que planeja ou deseja. Que a vida é solidamente instável, não permite ensaios e que achar uma estabilidade é utopia infantil dos tempos modernos. Assim ele compreende que há beleza mesmo nos dias cinzas, e que o verdadeiro desafio é viver a vida intensamente. Lembra que os sonhos dos grandes sonhadores nunca se cumprem, sempre se superam. E contente com sua conclusão, sorriu.
Texto B-coolt
Texto B-coolt
Marcadores:
B-Coolt. boletim 76
quinta-feira, 9 de abril de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Felicidade Absoluta
Tem dia que dá ataque de gostosura
Ataque mesmo
Minhas amigas sabem do que estou falando
Vontade de viver, de gritar, de saber, de sair voando
Assistir todos os filmes mais interessantes da TV, ir aos lugares mais estranhos, com gente bem esquisita
Dar espaço pro novo
Dá vontade de dar um basta para todas as limitações que nós mesmos colocamos em nossas vidas e não sabemos bem o porquê.
Dá vontade de ser uma contadora de histórias, mesmo que quase todas tenham sido criadas num instante qualquer
Dá vontade de acreditar nesse país e, ao mesmo tempo, pegar o primeiro avião, de mochila nas costas, para viajar para bem longe.
Eu não sei bem de onde surgem esses grandes ataques de gostosura, que se misturam com um bom humor contagiante, mas o fato é que quando eles passam eu os agarro com força - e faço loucuras com eles – porque nessa era de stress e depressão em que vivemos, ataques de felicidade são efêmeros, como a honestidade ou a pureza.
Ataque mesmo
Minhas amigas sabem do que estou falando
Vontade de viver, de gritar, de saber, de sair voando
Assistir todos os filmes mais interessantes da TV, ir aos lugares mais estranhos, com gente bem esquisita
Dar espaço pro novo
Dá vontade de dar um basta para todas as limitações que nós mesmos colocamos em nossas vidas e não sabemos bem o porquê.
Dá vontade de ser uma contadora de histórias, mesmo que quase todas tenham sido criadas num instante qualquer
Dá vontade de acreditar nesse país e, ao mesmo tempo, pegar o primeiro avião, de mochila nas costas, para viajar para bem longe.
Eu não sei bem de onde surgem esses grandes ataques de gostosura, que se misturam com um bom humor contagiante, mas o fato é que quando eles passam eu os agarro com força - e faço loucuras com eles – porque nessa era de stress e depressão em que vivemos, ataques de felicidade são efêmeros, como a honestidade ou a pureza.
“no momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele”.
Marcadores:
Antoine de Saint-Exupéry
segunda-feira, 6 de abril de 2009
O Homem Que Assobia
Às vezes quando estou distraída ou quando estou atarefada, estou recém acordada ou estou lendo em meu quarto, ouço ao longe uma canção.
De música clássica à marchinha de carnaval, passando por Disney World e Deisy, o som do assobio passeia suave pela casa.
O homem que assobia.
Sua trilha sonora representa para mim toda uma vida.
Representa um símbolo.
Mostra um homem, um pai, um herói, expressando sua felicidade de viver nos momentos mais simples como quando cuida do canarinho ou lê o jornal.
Representa o amor à vida.
De música clássica à marchinha de carnaval, passando por Disney World e Deisy, o som do assobio passeia suave pela casa.
O homem que assobia.
Sua trilha sonora representa para mim toda uma vida.
Representa um símbolo.
Mostra um homem, um pai, um herói, expressando sua felicidade de viver nos momentos mais simples como quando cuida do canarinho ou lê o jornal.
Representa o amor à vida.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Todo Mundo Tem as Suas
Estava preta pretinha
E então começaram a aparecer as bolinhas brancas.
Agora sou preta de bolinhas brancas
Sei que amanhã,
De tantas bolinhas brancas,
Serei branca
E logo depois, aparecerão as bolinhas pretas.
E então começaram a aparecer as bolinhas brancas.
Agora sou preta de bolinhas brancas
Sei que amanhã,
De tantas bolinhas brancas,
Serei branca
E logo depois, aparecerão as bolinhas pretas.
Esperadora
Se existisse um verbo para a pessoa que espera, ele seria meu
Estou sempre esperando
Chego antes nos lugares – chego sempre antes, algo genético talvez – e espero.
Foi assim que aprendi a ver pessoas e foi assim que aprendi a amar cafeterias.
Sento e espero
Não me escondo atrás de uma ligação de celular nem tampouco tento disfarçar o fato de estar sozinha
Não
Não fui abandonada
Não sinto a solidão
Estou apenas esperando
Sempre esperando
Algum pequeno nada acontecer.
Estou sempre esperando
Chego antes nos lugares – chego sempre antes, algo genético talvez – e espero.
Foi assim que aprendi a ver pessoas e foi assim que aprendi a amar cafeterias.
Sento e espero
Não me escondo atrás de uma ligação de celular nem tampouco tento disfarçar o fato de estar sozinha
Não
Não fui abandonada
Não sinto a solidão
Estou apenas esperando
Sempre esperando
Algum pequeno nada acontecer.
Assinar:
Postagens (Atom)