quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Garoa da Terra

Eu gosto de uma coisa meio cidade do interior, ou um Rio de Janeiro de 60.
Essa sensação de que conheço todo mundo, barquinho e violão, praça no final da tarde.
São Paulo me assusta. Perco-me e me acho e me perco.
Muita gente, muito espaço e pouca praça.
O tempo escapa, não tem essa de estender num bar, cuidado com o trânsito.
Certa vez escutei de uma baiana de Salvador – rodízio de carro? Mas como funciona esse lance?
Gosto de dar oi na rua pra gente conhecida, gosto de estender a tarde sem dar sinal. Quer achar a turma, estão ali na esquina, é claro. Onde mais poderia?
Uma coisa de violão e interior. Uma coisa de saber com quem fala e por onde anda. Uma coisa de não deixar o mundo ficar tão cheio de porcarias.
Tão cheio.
Chico diz que para gostar de uma cidade é preciso saber viver nela.
Difícil, veio sem manual.
São Paulo é ambiciosa, competitiva.
São Paulo tem de tudo, mas se você bobear não encontra nada.
Cidade que não sabe jogar conversa fora.
Certo está Vinicius... aqui não é para principiante não.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Doce de banana

Você é uma coisa muito maluca. Uma doidera que eu não pedi, uma soma do que eu não desejo, uma ausência do que eu preciso, uma explosão de bom humor. Você não tem tempo nem espaço, você não é deste planeta. Veio de passagem pra fazer uma baguncinha qualquer, me mostrar que as coisas são bem mais relax do que eu imagino. Você tem o tempo em suas mãos. Você é uma espécie que ninguém imaginava, pra calar a boca daqueles que sempre acreditam conhecer as pessoas. Você é um doce de criança, uma brincadeira de malandro. Você é o meu hoje, e é só isso que eu preciso.

O tamanho do buraco

Todo mundo tem um ladinho escuro. Uma espécie de buraco, de onde saem as fraquezas e os medos. Algumas vezes é importante cutucá-lo, para saber se o bichinho que sai da escuridão ainda é o mesmo, com a mesma cara ou se já morreu e nasceu com outro nome.
Meu buraco, por alguma razão está raso, o que faz com que meus defeitos fiquem passeando por aí, me incomodando a toda hora.
Fico a me perguntar se o buraco está menor e estes são os animaizinhos remanescentes ou se o buraco é fundo e está muito, mas muito lotado.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Não adianta nem me abandonar ...porque mistério sempre há de pintar por aí

O cômodo atrofia

Estou me tornando burra. Uma contração de meu ser, retração, diminuição, en-co-lhi-men-to.
Meu cérebro em uma uva passa.
A falta de convívio social e estímulo faz com que algo no meu íntimo se atrofie.
É essa convivência comigo e apenas comigo que transforma meu eu em tão pouco. Ele está precisando daquela luzinha que outrora me trazia inquietação e desconforto.
Agora, acomodada, eu encolho. É o mal-estar constante quer torna a nossa vida interessante. Não pare de buscar me diz uma vozinha qualquer, não se conforme...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Superficialidade não é pra tartaruga

Atualmente as coisas se tornaram descartáveis. Nada de guardar pra sempre, nada de comprar pra vida toda. Puro descarte.
O tempo já foi mais estático, mais sólido. Agora não, esqueça. Somos a geração da água. A água se adapta, evapora, água some, renasce diferente.
Modernidade líquida, minha gente, modernidade líquida.
Eu, influenciada por essa tendência biruta de que o mundo nada mais é do que um descarte, mandei ver. Descartei coisas, descartei palavras importantes, descartei músicas como faço quando enjôo do meu ipod.
Descartei isso e aquilo e é claro, descartei pessoas.
Cabeleireiros, manicures, e todo tipo de ser vivo que não atendesse às expectativas, seguindo o raciocínio de que a oferta é sempre maior que a demanda.
Tchau, adios, bye, dizia eu.
Até que um dia minha tartaruga errou o caminho, e eu a descartei.
Mas ela, atrasada como qualquer tartaruga, não sabia nada dessa história de modernidade líquida, e não aceitou. Falou-me sobre o individualismo das pessoas, o quanto o ser humano de hoje só enxerga o que quer. Reclamou da superficialidade das relações e dá falta de vontade pra perdoar, dar uma chance e entrar em contato com os sentimentos.
É mais fácil descartar mesmo! Gritava ela, o diálogo se esvaziou, os sentimentos não são mais intensos...
E foi então que realizei o mal do século. A pequena tartaruguinha, com sua sabedoria milenar, não me descartou. Mostrou-me o quanto é gostoso cultivar uma amizade e lutar por ela.
Obrigada tartaruguinha, por me mostrar que o amor engloba o perdão, o aprender e o lutar. Estava quase corrompida pelo sistema, agora não mais descarto.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Afinidade

Às vezes eu penso que existem passos que caminham juntos, e outros que não.
Esses que andam tão separados, vez ou outra teimamos em juntar, e eles se fingem perfeitos, perambolando lado a lado.
Mas de repente escurece, e eles se perdem um do outro.
É o instinto que ensina a ambos sua estrada verdadeira.

Presentinho especial

Na vida quem perde o telhado ganha em troca as estrelas

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Repertório

Às vezes sinto me tão rasa
incapaz de proporcionar saltos de cabeça

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Felicidade só é real se for compartilhada

Minha Verdade

Qual é a verdade absoluta? A verdade da terra?
O homem deveria ser a sua verdade, deveria viver a sua verdade.
Verdades te conectam, integram, interagem. As verdades te tornam inteiro, transparente. Alcança-se a alma com uma verdade.
Um homem de mentiras é alguém sem olhar, sem profundidade. Aos mentirosos falta a conectividade.
Diga não a almas corrompidas, diga não à insegurança de um mentiroso.
Conecte-se ao vento indiano, ao Alaska, à energia do universo, seja verdadeiro consigo.
Sou mais humana porque dentro de mim existe alguém que procura a sua verdade.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela, ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim,
Descolorirá

Quanto vale tudo isso?

Quero dar meus perfumes
Doar minhas roupas
Largar meus CDs
Quero jogar fora cadernos
Tantas anotações
Não quero mais acumular, juntar, comprar, gastar.
Quero apenas o necessário
Quero pão e água
Sair por aí
Vestida de lenços, pintada de amor.
Quero lembrar o que é o vento e como é pisar no molhado
Esquecer as horas
As horas
E certas horas
Quanto vale uma felicidade? É por quilo? Pode encomendar?
Quero queimar meu currículo, e com o fogo, aquecer africanos
Estou só de passagem
Das regras das sociedade, pouco me importa
Quero deixar minha vida sem sentido, porque só assim ela terá sentido para mim.
"Rather than love, than money, than fame, give me truth."

terça-feira, 7 de outubro de 2008